quarta-feira, 25 de abril de 2012
VIVER A RESSURREIÇÃO.
VIVER A RESSURREIÇÃO
A tristeza não é ausência de felicidade,
mas sim ausência de alegria, por isso
seguimos quebrando pedras e plantando flores
(Como diz Cora Coralina em sua poesia e o
Pd. Fábio de Melo e Gabriel Chalita no livro
Carta entre Amigos). Às vezes podemos estar
tristes por que um filho está doente, por
exemplo, mas somos profundamente felizes
pela presença dele em nossas vidas. Com
certeza Jesus pregado na cruz não estava
alegre, mas acredito que Ele estava feliz, pois
cumpria os desígnios do Pai e sabia que
voltava para Ele.
O grande mistério da ressurreição está na transformação, na
mudança. Vejamos o apóstolo João, tido como tempestivo, chamado de
filho do trovão, após a ressurreição e o reencontro com o Mestre, João se
transforma e alguns anos depois vai escrever este belíssimo evangelho o
qual hoje chamamos de evangelho do amor. Vejamos Pedro, rude, mal
sabia falar, queria que Jesus lavasse também sua cabeça e suas mãos
durante a ceia. Pedro naquele momento não entendeu o gesto de Jesus
lavar os seus pés, mas depois da ressurreição e de estar junto do Mestre
novamente, Pedro se transforma em um grande pregador, em um homem
que vai levar o Cristo Ressuscitado a todos os povos, como no seu discurso
logo no capítulo 3 do livro dos Atos.
Queridos irmãos, quando proclamamos o Evangelho, dizendo: “O
Senhor esteja convosco” e todos respondemos: “Ele está no meio de nós”,
se Ele está no meio de nós, então é preciso viver esta ressurreição em
nossas vidas, é preciso olhar para dentro de nosso coração e transformar
aquilo que está tirando a nossa alegria, aquilo que está ceifando a nossa
felicidade, transformar tudo isto em amor e, sobretudo, amar todos aqueles
que estão à nossa volta, mas amar de verdade, de forma gratuita, sem
esperar nada em troca.
Moisés ao pisar no lugar santo é obrigado a retirar o calçado. Ao ver
a sarça ardendo, Deus diz a ele: “tire o seu calçado, pois você está pisando
em solo sagrado”. Muitas vezes é disto que precisamos, tirar o calçado,
tirar a máscara, tirar a carapaça que fomos colocando no nosso ser através
das dores, dos medos, dos sofrimentos, das desilusões e dos desencontros
da vida, para podermos entrar neste solo sagrado que somos nós mesmos,
“Não está aqui,
ressuscitou!”
que fomos criados pelo amor e para o amor. Amor este, que nos dias de
hoje está tão banalizado, reduzido ao caráter passageiro, provisório, tudo se
tornou provisório e assim parece que a humanidade sofre de uma
orfandade. Queridos irmãos, queridas irmãs é preciso desatarmos as
sandálias, retirá-las dos pés e retomarmos nossa santidade, através da
vitória de Cristo sobre a morte, ressuscitamos com Ele.
Não há dúvidas, Deus é amor, amor que não temos palavras para
explicar. Com que palavras explicar o amor que Madre Teresa nutria pelos
pobres, um amor infinito, sem medidas; com que palavras discorrer sobre o
Papa João Paulo II, que costumo chamar do “O Papa da Nossa Geração”,
só de falar o nome dele me emociono, um santo de Deus, que não foi um
homem só do Catolicismo ou do Cristianismo, mas um homem de todas as
religiões, que espalhava amor por onde passava. Como contar em palavras
o amor com que Zilda Arns cuidava das crianças, seu trabalho é presente
hoje em nossa paróquia, através da Pastoral da Criança e já há muito tempo
atravessou as fronteiras de nosso país. É impossível descrever o amor que
estas pessoas de nossa Pastoral do Povo de Rua sentem pelos seus
próximos, levando não somente alimento àqueles famintos, mas, sobretudo,
carinho e afeto. Assim como eles, tantos outros anônimos vão construindo
este mundo de amor e fraternidade. Não há dúvida de que todas estas
pessoas entenderam e, sobretudo vivem e viveram a ressurreição de Cristo.
Todas elas pegaram a sua cruz e a carregaram, retirando as pedras do
caminho e plantando flores. É isto mesmo, esta é a grande beleza da vida,
nos momentos de tristeza, de dor, de sofrimento, devemos plantar flores
pelo caminho, talvez não para sentir o perfume delas, mas para que outros
que estão na caminhada possam sentir este perfume, pois muitas flores que
você sente o perfume delas hoje, não foi você mesmo que as plantou.
Por que muitas vezes não encontrarmos o Cristo Ressuscitado nos
irmãos que estão à nossa volta? Porque queridos irmãos, na maioria das
vezes estamos julgando, estamos apontando defeitos, estamos como aquele
povo no tempo de Jesus, na iminência de atirar a primeira pedra.
A nossa travessia neste mundo é curta, devemos buscar dar beleza à
ela e, o que dá beleza à nossa travessia não são as coisas materiais que
possuímos, nem mesmo nosso corpo físico, o que dá beleza à nossa
travessia é o amor que plantamos. Somente o amor permanece e somente
ele torna belo nossa travessia. Então queridos irmãos, vamos amar mais e
julgar menos, vamos plantar mais flores e jogar menos pedras. Como nos
diz Jesus, colhemos o que plantamos, e a vida nos ensina que muitas vezes
colhemos onde não plantamos.
A Paz de Cristo.
Ronildo
ronildooliveira@terra.com.br
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