quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ROTEIRO HOMILÉTICO DO XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B



Comum1226: Palavra sem "Dono"

Celebramos hoje o DIA DA BÍBLIA. 
A Palavra de Deus sempre nos oferece uma luz
para as mais diversas situações de nossa vida.
Ela pode ser proclamada por quem Deus quer,
não é propriedade exclusiva de ninguém...

Na 1ª Leitura, vemos que a Palavra não é Monopólio de ninguém. (Nm 11,25-29)

- Moisés já idoso sente-se incapaz de continuar dirigindo o povo:
  "Sozinho não posso mais carregar esse povo".
- O Senhor lhe propõe a escolher 70 anciãos que,
  depois de ungidos pelo Espírito, o ajudariam nessa tarefa.
- Deus derramou o seu espírito sobre 70 anciãos,
  que se puseram logo a profetizar, mas não continuaram.
  E dois, que não estavam no grupo, começaram a profetizar…
- Josué vê nisso um abuso intolerável e propõe a Moisés:
  "Manda que eles se calem".
- Moisés, pelo contrário, alegra-se com o fato e afirma:
  "Oxalá todos recebessem o Espírito e profetizassem!"
  Moisés, longe de ter ciúmes, sente-se feliz
  em compartilhar com outros sua responsabilidade…
  O perigo é querer fazer tudo sozinho, ou pior não dar vez a ninguém…

* Em nossas comunidades, podemos também nos deixar levar
- pela tentação de Moisés de querer fazer tudo sozinho,
- ou pelo ciúme de Josué, de impedir o trabalho de quem não for do "grupo".

Pelo Batismo, todos recebemos a missão de ser profetas, sacerdotes e reis.
Todos somos chamados a falar em nome de Deus, anunciar o seu Reino.
Todos os batizados receberam a missão de santificar os ambientes
onde vivem e trabalham. Todos somos reis e devemos usar o poder
para cuidar com retidão de tudo e de todos como criaturas de Deus.

Na 2ª Leitura, Tiago denuncia o acúmulo de riquezas de alguns,
a custa da miséria de muitos. (Tg 5,1-6)

O Evangelho mostra que ninguém tem o Monopólio de Cristo. (Mc 9,38-43.47-48)

- Os apóstolos não conseguem expulsar o espírito mudo de uma pessoa...
- Pelo contrário, uma pessoa "fora" ao grupo consegue, em nome de Jesus...
- Os Discípulos, aborrecidos, manifestam sua insatisfação.
- JESUS rejeita o exclusivismo:
  "Não lhe proíbam... Quem não está contra, está a nosso favor".

As Leituras lembram DUAS VERDADES:

1) A PALAVRA de Deus não é monopólio de ninguém:
    deve ser anunciada por todos: "Oxalá todo o povo profetizasse"
2) O NOME de Jesus não é monopólio de ninguém:
     Mais do que pertencer ao grupo de Cristo,
     o importante é estar "em sintonia" com Jesus…
     No dizer do Papa: "Devemos ser amigos de Jesus, não donos".
     - As Igrejas separadas, que também falam em nome de Jesus,
        devemos combatê-las como inimigas,
        ou enxergá-las como possíveis parceiras no trabalho do Reino?

O REINO não pode ser um grupo fechado e fanático,
que se arroga a posse exclusiva de Deus e de suas propostas.
Deve ser uma comunidade que reconhece não ter o exclusivo
do bem e da verdade e se alegra com tantas pessoas,
que buscam a Deus com sinceridade,
praticam com lealdade o Bem, a Verdade e a Justiça,
mesmo sem pertencer ao "nosso" grupo.
- Por que ter inveja daqueles que cumprem gestos generosos
que talvez nós não tivemos a coragem para fazer?

Jesus não quer que sua IGREJA seja um gueto fechado,
mas um rebanho aberto a outras ovelhas,
que ainda não são do seu rebanho.
Deve estar sempre atenta aos sinais dos tempos,
para uma perene renovação, guiada pelo Espírito do Senhor...

- O apelo de Jesus no sentido de não "escandalizar" os pequenos
lembra a atitude que as pessoas e as comunidades devem ter
para com os "pequenos", os pobres, os que falharam, os que se afastaram,
os que têm fé sem profundidade, os marginalizados pela sociedade...
- O nosso testemunho leva-os a aderir a Cristo ou a afastar-se dele?

Os Donos da Igreja, o que fazer deles?
Em nossas comunidades cristãs, há pessoas
capazes de gestos incríveis de doação, de entrega, de serviço;
mas há, também, pessoas, preocupadas em proteger
o espaço de poder e de prestígio, que conquistaram.

São verdadeiros donos do santo e das coisas da comunidade.
Essas pessoas são responsáveis de muita gente se afastar da comunidade.
Só elas sabem, só elas são capazes, só elas dão o palpite certo.
Essa gente não está servindo à comunidade,
mas sim a si mesmo, a seu orgulho, a sua vaidade.
- Em nosso serviço na Comunidade, estamos protegendo
  os interesses de Deus, ou os nossos projetos e interesses?

Deus sempre se serviu de pessoas para anunciar a sua Palavra
e assim realizar os seus Planos de Salvação... 
- Sentimo-nos "donos" ou instrumentos da Palavra de Deus?

                                          Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 30.09.2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

ROTEIRO HOMILÉTICO DO XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Comum 1125: O Maior

Com freqüência, as pessoas se deixam levar
pela "sabedoria do mundo" e lutam com todas as forças
para conseguir prestígio e poder...
Essa busca provoca muitos conflitos...
- O que nos diz a "Sabedoria de Deus"?

A 1a Leitura apresenta a atitude permanente do "ímpio" contra o "justo".
Sua presença, suas repreensões e sua conduta são incômodas...
Por isso, o condenarão com uma morte ignominiosa... (Sb 2,12.17-20)

Acena para a "morte vergonhosa" do Messias.
No século 1º aC, os judeus praticantes de Alexandrina são
hostilizados pelos pagãos e desprezados pelos judeus não praticantes.
Isso provocou muitos conflitos entre eles.
O autor sagrado reflete sobre o destino dos "justos" e dos "ímpios".

No Evangelho Jesus anuncia sua paixão e morte e
dá a seus discípulos uma lição de humildade e serviço.
Servir os pobres e as CRIANÇAS é servir o Senhor. (Mc 9,30-37)

- Ao longo da "Caminhada para Jerusalém",
  Jesus vai catequizando os discípulos, ensinando-lhes
  que o projeto do Pai não passa por esquemas de poder e de domínio:
  Jesus faz o 2 º Anúncio da Paixão.
- Os Apóstolos não concordam e fecham-se num estranho silêncio:
  "Tinham medo de interrogá-lo..."
  Logo a seguir, surge uma animada discussão, um forte conflito,
  que revela a ambição de poder nos discípulos de Jesus…
- Chegando a Cafarnaum, Jesus questiona o assunto da conversa:
   "O que vocês estavam discutindo no caminho?"
- E eles: "Ficaram calados, porque no caminho
    tinham discutido quem seria o maior".

Jesus aponta o CAMINHO para ser o maior... :

1) Em primeiro lugar, o espírito de SERVIÇO...
   "Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último e o servo de todos".

* A Comunidade cristã não o lugar apropriado para alcançar
um posto de honra ou um lugar de prestígio e poder.
É o lugar onde cada um deve celebrar a própria grandeza, servindo os irmãos.
Só é grande quem é capaz de servir e de oferecer a vida aos seus irmãos.
- O que isso significa em nossa comunidade?

2) Em seguida, aponta o Modelo da CRIANÇA:
       "Pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a, disse:
        Quem acolher em meu nome uma dessas crianças,
        é a mim que estará acolhendo..."
* Ser grande no Reino é ser pequeno e servir os pequenos.
   O discípulo é grande, não quando tem poder ou autoridade sobre os outros,
   mas quando abraça os pequenos, quando acolhe os carentes,
   os marginalizados, oprimidos, injustiçados e por eles se interessa.
    - Quais são as crianças (ou "como crianças") que devemos abraçar?

+  Os conflitos continuam...
    E Cristo nos questiona: "Por que estais discutindo?"

Na Sociedade competitiva, em que vivemos,
desde pequenos nos passam a idéia de que, se não tivermos beleza,
inteligência, riqueza, simpatia, nunca conseguiremos sucesso na vida.
- O que admiramos numa criança:
  o poder, a riqueza, a sabedoria humana, ou a simplicidade, a transparência?

Na família?
- Há divisões, conflitos… ciúmes… separações… Por que?
  Quando um ganha, os dois perdem!... Não há vencedores...

Na Comunidade?
- Também há discussões, críticas, ambições, rivalidades?
- Por que? Onde está a raiz de tudo?
- Desejo consciente ou inconsciente de ser o MAIOR?
- Busca de cargos, títulos, honrarias ou elogios?

São Tiago, na 2a leitura, denuncia a desunião na sua comunidade
e aponta a raiz de tudo isso:  
"Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e
 toda a espécie de obras más…"  (Tg 3,16-4,3)
Uma oração realizada nesse clima não pode ser escutada por Deus...

+ Na comunidade cristã, quem são os primeiros?

As palavras de Jesus são claras:
"Quem quiser ser o primeiro, seja o último e o servo de todos".
- Na comunidade cristã, a única grandeza é a grandeza de quem,
  com humildade e simplicidade, faz da própria vida um serviço aos irmãos.
- Na comunidade cristã não há donos, nem grupos privilegiados,
  nem pessoas mais importantes do que as outras,
  nem distinções baseadas no dinheiro, na beleza, na cultura, na posição social... - Na comunidade cristã há irmãos iguais,
  a quem a comunidade confia serviços diversos em vista do bem de todos.
  Aquilo que nos deve mover é a vontade de servir e
  de partilhar com os irmãos os dons que Deus nos concedeu.

* Qual é o tipo de grandeza que estamos procurando?
* Aos olhos de Deus, ou apenas aos olhos dos homens?

                                             Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 23.09.2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ROTEIRO HOMILÉTICO DO XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Comum 0924: Tome a sua Cruz


Nesse mês dedicado à Bíblia, somos convidados a valorizar ainda mais a Palavra de Deus em nossa vida de cristãos.

O tema central das leituras bíblicas de hoje é:
- O Caminho escolhido por Cristo e
- O Caminho apontado por Cristo a seus seguidores...

A 1a leitura fala do "Servo de Javé" (Is 50,5-9)

- Os judeus tinham uma idéia triunfalista do Messias…
esperavam um grande rei, que iria devolver ao povo glórias perdidas...
um personagem importante, que iria resolver todos os problemas…
Nunca imaginaram um messias humilde e sofredor…
- Isaías apresenta um profeta anônimo, chamado por Deus
a testemunhar a Palavra da salvação e que, para cumprir essa missão,
enfrenta a perseguição, a tortura, a morte. Mas Ele confia no Senhor.
Por isso, mesmo quando acusado, tem certeza da vitória.

* Os primeiros cristãos viram neste "Servo Sofredor" a figura de Jesus.

No Evangelho, Jesus faz o 1º Anúncio da Paixão. (Mc 8,27-35)

O texto reflete a  mentalidade triunfalista dos judeus e dos apóstolos.
Tem três partes: A Confissão de Pedro, o Anúncio da Paixão
e o Convite de Jesus para seu Seguimento e as Condições…

Jesus está a CAMINHO de Jerusalém:

1) Uma pergunta: Quem é Jesus?
    - Para o Povo: É apenas um HOMEM,
      convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão,
      como os PROFETAS do Antigo Testamento.
    - Para o Grupo: É o MESSIAS libertador que Israel esperava...
      Pedro acerta na resposta... mas erra logo em seguida na prática...

2) O CAMINHO de Jesus:
  - Jesus explica aos discípulos que a sua Missão messiânica passa pela CRUZ.
  - Pedro reage e tenta afastar Jesus do Plano do Pai.
  - Jesus lhe responde: "Vai para trás de mim, Satanás..."

3) O CAMINHO dos discípulos: é semelhante...
- Deve RENUNCIAR a si mesmo, tomar a CRUZ e SEGUIR Jesus,
  no caminho do Amor, da entrega e do dom da Vida.
  Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos, ganha a vida eterna...

* O texto nos ilustra a lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus).
- A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no êxito, dinheiro, fama...
- A lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos,
  assumindo os valores do Reino e vivendo no amor, na partilha,
  no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade.
QUEM É JESUS?

+ O que "os homens" dizem de Jesus?

- Muitos vêem em Jesus um HOMEM bom, um MESTRE admirável,
  um grande LIDER REVOLUCIONÁRIO,
  preocupado em construir uma sociedade mais justa e fraterna.
  "Um homem" extraordinário... mas um HOMEM apenas.

+ Quem é Cristo para nós?

Aproxima-se a abertura do "Ano da Fé", anunciado por bento XVI
e a pergunta de Cristo aos discípulos no evangelho, é muito atual:
"Mas vós, quem dizeis que eu sou?"
Jesus não deseja que paremos naquilo que se diz dele,
mas que tenhamos um encontro pessoal com ele e o sigamos.
Assim a nossa resposta sobre sua identidade não será a projeção
da nossa inteligência, mas uma profissão de fé, que brota de um coração
e de uma mente iluminada pelo Espírito Santo, como aconteceu a Pedro.
Pode acontecer que o nosso pensamento sobre Cristo
não corresponda realmente à sua identidade,
assim como Pedro não queria ouvi-lo falar de sofrimento e de morte;
mas se aceitamos estar com ele, de ser seus discípulos,
aos poucos descobriremos o sentido profundo de suas palavras e de suas ações
e compreenderemos o seu amor infinito pela humanidade.

+ Cristo continua a convidar discípulos para segui-lo...
E as condições são ainda hoje as mesmas: Renúncia e Cruz...
Sem a Cruz, é impossível entender quem é Jesus e o que significa segui-lo.
Na 2ª Leitura Tiago lembra que o seguimento de Jesus se realiza com gestos concretos de amor, de partilha, de serviço e de solidariedade. (Tg 2.14-18)

Que tipo de Cristo imaginamos?
Um Cristo fácil, ou um Cristo difícil? Uma Religião sem cruz…
sem desafios, sem canseiras, grandiosa, milagreira,
ou comprometida, solidária?

O que significa a Cruz em nossa vida?
Uma desgraça… Ou uma oportunidade de libertação e de salvação?
- Qual a nossa atitude diante da cruz?
  Tomamos a cruz com tranqüila e humilde aceitação?
  Ou tentamos, como Pedro, fugir do sofrimento?
  Ou carregamos a contragosto e até revoltados?
- Renunciamos a nós mesmo em favor dos outros?
  Ou talvez somos nós uma CRUZ  para os outros ?

Nós carregamos a cruz toda vez que sacrificamos a nós mesmos
para praticar o bem e fazer alguém feliz.

- Sinto-me de fato um "Seguidor de Cristo?"

                                             Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 16.09.2012