quinta-feira, 30 de maio de 2013

ROTEIRO HOMILÉTICO DO 9.º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

ROTEIRO HOMILÉTICO DO 9.º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Comum1309: Não sou digno

Retomamos os domingos do Tempo Comum, nos quais refletimos e celebramos os diversos aspectos da fé cristã.
A Liturgia de hoje valoriza a FÉ DOS ESTRANGEIROS.

As leituras nos mostram que a fé não tem fronteiras...

Na 1ª Leitura, temos uma oração de Salomão, na inauguração do Templo.
Ele pede que Deus escute e atenda todos os pedidos dos estrangeiros:
"Assim todos os povos da terra reconhecerão o teu nome e
temerão em ti, como faz o teu povo Israel." (1Rs 8,41-43)

Bela oração, animada de espírito profético, que vê em Javé
não só o Deus de Israel, mas o Senhor de todos os povos,
a quem todo homem pode dirigir-se para obter graça.

Em Cristo, o novo Tempo de Deus, cairão as barreiras entre os homens.
Pedras vivas deste templo espiritual são todos aqueles que aderem a Cristo, aqueles que escolhem o caminho da doação da própria vida.
Mesmo os que nunca ouviram falar de Jesus e do Evangelho
podem pertencer à casa de Deus, desde que se deixem guiar
pelo Espírito do Ressuscitado.

O Salmo convida todas as nações a glorificar o Senhor,
pois "seu amor e fidelidade dura para sempre" (Sl 117)

Na 2ª Leitura, Paulo combate severamente os que, em nome dos apóstolos,
começaram a ensinar que para alcançar a salvação
eram necessárias a circuncisão e a observância da Lei de Moisés.
Como ficaria então a Salvação transmitida por Cristo? (Gl 1, 1-2.6-10)
* Ainda hoje muitos falam em nome de Cristo, deturpando seu evangelho...

No Evangelho Jesus atende o pedido de um estrangeiro,
porque a fé não conhece fronteiras. (Lc 7, 1-10)

As primeiras comunidades cristãs eram formadas por Judeus e pagãos.
Entre os judeus, era muito forte a tradição de rejeitar os pagãos...
Por isso, Lucas destaca aqueles elementos que podem ajudá-las
a superar as desconfianças recíprocas existentes.

- O Centurião: embora não sendo membro do povo judeu,
   era um homem extraordinariamente bom:
- Preocupa-se com um dos seus escravos e demonstra muito carinho por ele...
- Os próprios anciãos judeus o elogiam muito.
  "Ele merece que lhe faças este favor, pois é amigo da nossa gente,
   e foi ele mesmo quem nos edificou uma sinagoga".
- O Centurião é humilde: humilha-se, solicitando a ajuda dos chefes dos judeus
   e chega ao ponto de não se julgar "digno de que Jesus entre em sua casa..."
- Ele respeita os usos e costumes dos judeus. Não exige contato com um pagão.   
   Basta que ele dê uma ordem e a doença desaparecerá.

+ Jesus admira a fé do Centurião:
   "Nem mesmo em Israel, encontrei tamanha fé".
A tal fé responde com o milagre, feito à distância,
e assim é atendido o estrangeiro
que se dirige ao Deus de Israel, presente na pessoa de Cristo.
A bondade do centurião, que se preocupa com o servo doente,
sua humilde e sua fé o dispuseram para receber a graça,
muito mais do que tantos outros, pertencentes ao povo eleito.
Jesus não faz distinção entre judeus e gentios,
mas onde encontra humildade e fé, entrega-se até de longe,
embora ainda não bem conhecido, como fez com o centurião

+ Jesus manifesta uma grande simpatia
   pelas pessoas que "os Justos" do seu povo desprezam.
- O Samaritano mostra-se mais atencioso do que o sacerdote e o levita (Lc 12,13);
- O leproso samaritano é o único que volta a agradecer (Lc 17,16);
- A oração do publicano é mais agradável a Deus, do que a do fariseu (Lc 18, 9-14);
- Os publicanos e as prostitutas entram primeiro no Reino de Deus (Mt 21, 31);
- Tiro e Sidônia, cidades pagãs, mostram-se mais disponíveis à conversão,
   do que Cafarnaum e Betsaida (Lc 10,13).

* Também hoje, fora das fronteiras das Comunidades cristãs,
   há muitas pessoas de bom coração. Qual é a nossa atitude para com elas?

+ A força da Palavra de Jesus:
A salvação é concedida mediante uma palavra, pronunciada "à distância".
Com a sua palavra, domina as ondas do mar, faz desaparecer o sofrimento,
a pobreza, a fome, a doença, o medo, o pecado, restitui a saúde, a alegria, a paz.
A Palavra de Jesus é eficaz hoje como no passado e transforma radicalmente
a vida dos homens, da sociedade, das famílias, do mundo inteiro.
É só confiar na sua palavra e o milagre acontece:
caem todas as barreiras que dividem os homens,
dissolvem-se os ódios, as invejas, as opressões, as violências.
Desaparecem a fome, as doenças e
só permanecem o amor, a solidariedade, a colaboração recíproca.

+ A fé não conhece fronteiras nem raças.
Jesus e o Pai, que ele veio revelar, são sempre os mesmos.
Pode acontecer que, como aconteceu com Jesus,
encontremos mais fé fora, que dentro de ambientes religiosos.
Isso nos deve manter em atitude humilde e respeitosa.
O respeito é devido também a quem não crê ou professa fé diferente da nossa.
Temos em comum a mesma fé no Senhor morto e ressuscitado por nós,
mas cada povo deve poder expressar a própria fé
a partir de sua cultura e realidade.

                                        Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 02.06.1913

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