Comum 1419:
"Coragem, sou Eu!"
A maioria das pessoas acredita em Deus e gostaria de ter um
contato mais próximo com Ele. Mas "Onde está Deus?" "Onde
o podemos encontrar?"
As Leituras de hoje têm duas cenas muito bonitas, que
mostram como Deus SE REVELA.
Na 1a Leitura, Deus se revela a Elias, na BRISA suave. (1Rs 19,9a.11-13)
Cansado e perseguido
de morte por Jesabel, Elias foge para o deserto,
a caminho do Monte
Horeb, onde Moisés se encontrara com Deus...
- Lá, Elias o esperava no vento, no terremoto, no fogo, mas ele
não estava lá.
Deus vai ao seu encontro de uma forma completamente
diferente:
"no sopro suave de
uma BRISA..." e ali lhe fala...
* Deus geralmente se manifesta na humildade, na
simplicidade, na interioridade.
Por isso, é preciso calar o ruído excessivo, moderar a
atividade desenfreada, encontrar tempo para consultar o coração, para
interrogar a Palavra de Deus,
para perceber a sua presença e as suas indicações, nos
sinais,
quase sempre discretos, que ele deixa na história e em nossa
vida.
Na 2ª Leitura, Paulo fala que Deus se revelou,
oferecendo a todos
uma proposta de Salvação, mas o seu povo
infelizmente a rejeitou. (Rm 9,1-5)
No Evangelho, Deus
se revela na TEMPESTADE. (Mt
14,22-33)
- Jesus envia os discípulos em missão na outra margem do
lago
e, cansado, retira-se
da multidão... vai ao monte para rezar...
- Enquanto isso, os apóstolos navegam "de noite"
preocupados,
na barca agitada
pelos ventos contrários.
- Jesus interrompe o descanso... vai ao encontro, "caminhando sobre o MAR".
- Eles o confundem: "É
um fantasma..."
- E Jesus se identifica: "Coragem,
SOU EU, não tenham MEDO".
- Pedro o desafia: "Se
és Tu, manda-me caminhar sobre as águas".
- Jesus aceita: "Vem!"
- Pedro vai ao encontro de Jesus; mas, assustado pelo vento,
começa a duvidar e afundar. Então grita por
socorro: "Salva-me, Senhor!".
- Jesus antes estende a mão e depois o questiona:
"Por que duvidaste, homem de pouca fé?"
- Jesus entra na Barca e a tempestade se acalma.
- Então todos se prostram em adoração diante de Jesus,
dizendo:
"Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus".
* Deus se manifesta em meio às dificuldades, aos ventos da
tempestade.
Enquanto Jesus está em
diálogo com o Pai, os discípulos estão sozinhos,
em viagem pelo lago. Essa
viagem, no entanto, não é fácil e serena… É de noite; o barco é açoitado pelas
ondas e navega dificilmente, com vento contrário.
Os discípulos estão inquietos
e preocupados, pois Jesus não está com eles…
Esse BARCO é a
COMUNIDADE CRISTÃ:
A "noite"
representa as trevas, a escuridão, a confusão, a insegurança
em que tantas vezes
"navegam" através da história os discípulos de Jesus,
sem saberem exatamente
que caminhos percorrer nem para onde ir…
As "ondas"
representam a hostilidade do mundo,
que bate continuamente
contra o barco em que viajam os discípulos…
Os "ventos contrários"
representam as resistências ao projeto de Jesus.
Os discípulos de Jesus se
sentem perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de
enfrentar as tempestades que as forças da morte e da opressão (o "mar")
lançam contra eles…
É precisamente aí, que
Jesus manifesta a sua presença.
Ele vai ao encontro dos discípulos
"caminhando sobre o mar".
O episódio reflete a
fragilidade da fé dos discípulos, quando tiveram
de enfrentar as forças adversas,
sem a presença de Jesus na barca.
Os discípulos seguem a Jesus
de forma decidida, mas se deixam abalar
quando chegam as
perseguições, os sofrimentos, as dificuldades…
Então, começam a afundar
e a ser submergidos pelo "mar" da morte,
da frustração, do
desânimo, da desilusão…
No entanto, Jesus lá está
para lhes estender a mão e para os sustentar.
Finalmente, a
desconfiança dos discípulos transforma-se em fé firme:
"Tu és verdadeiramente
o Filho de Deus".
Esse texto é uma CATEQUESE
sobre a caminhada da Comunidade de Jesus, enviada à "outra margem", para
convidar todos para o banquete do Reino
e a oferecer-lhes o
alimento com que Deus mata a fome
de vida e de felicidade
dos seus filhos.
- A caminhada não é um caminho
fácil.
A comunidade (o
"barco") dos discípulos deve abrir caminho
através de um mar de
dificuldades, pela hostilidade dos adversários do Reino
e pela recusa do mundo em
acolher os projetos de Jesus.
- Os discípulos devem estar conscientes
da presença de Jesus.
O "fantasma" do
MEDO desvanece e as crises de fé são superadas,
quando aceitamos a
presença de Deus em nossa vida pessoal e comunitária.
Ele continua a garantir: "Coragem!
Sou Eu. Não tenhais medo".
+ Dia do Padre:
O padre também não está isento de "tempestades",
que se formam dentro
e fora da Comunidade.
Nesse dia a ele
consagrado, rezemos para que, nesses momentos
em que possa ter a
sensação de afundar no mar da frustração e do desânimo,
possa perceber essa
presença de Cristo, que vem ao seu encontro
com palavras de
esperança. "Coragem! Sou eu. Não tenhas medo!"
Quando Cristo entra
na BARCA, o vento e as ondas param...
e volta a
tranqüilidade... a paz.
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 10.08.2014
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