Comum 1233: Um novo dia
Estamos no penúltimo domingo do Ano Litúrgico.
A Liturgia nos fala do fim do mundo e da sua história.
É um convite à ESPERANÇA:
O Deus Libertador vai mudar a noite do mundo
numa aurora de vida sem fim.
As Leituras bíblicas, numa linguagem apocalíptica,
nos estimulam a descobrir, os sinais desse mundo novo,
que está nascendo das cinzas do reino do mal.
A Linguagem apocalíptica é um
modo alternativo de falar,
bem compreendido pelo povo de então.
- Usa imagens fortes e misteriosas, cheias de elementos
simbólicos.
Mas o importante não
são as imagens, mas o conteúdo que querem revelar.
- Não pretende adivinhar o futuro, mas falar da realidade
atual do povo.
- Não pretende assustar, mas animar o povo em momentos
difíceis.
Na 1a leitura,
encontramos o Apocalipse de Daniel.
(Dn 12,1-3)
O Povo judeu se encontrava oprimido sob a dominação dos gregos.
Muitos judeus, apavorados pela perseguição, abandonavam até a
fé…
Deus enviou o seu anjo Miguel como defensor
dos que se mantiveram fiéis no caminho de Deus.
*O objetivo desse livro era animar o povo a resistir diante
dos opressores
e lembrar que a vitória final será dos justos que perseverarem
fiéis...
É a primeira profissão de fé na RESSURREIÇÃO, que se encontra
na Bíblia.
Esse texto está em conexão com o evangelho de hoje,
que nos fala da 2a
vinda de Cristo e prefigura a vinda de Cristo libertador.
A 2ª Leitura apresenta a oferta
perfeita de Cristo,
que nos libertou do pecado
e nos inseriu numa dinâmica de vida eterna.
É o caminho do mundo novo e da vida definitiva. (Hb 10,11-14.18)
No Evangelho, temos o Apocalipse de Marcos. (Mc 13, 24-32)
Na época em que Marcos escreveu o seu evangelho,
as comunidades cristãs estavam agitadas e assustadas
por causa de guerras e calamidades,
como a destruição do templo, no ano 70 dC.
* Para tranqüilizar os cristãos, o autor usa uma linguagem
apocalíptica,
descrevendo a catástrofe do sol e das estrelas e o
aparecimento
do Filho do homem sobre as nuvens para julgar os bons e os
maus.
Esse "Discurso escatológico" de Cristo é o último
antes da Paixão.
Jesus anuncia a destruição de Jerusalém e o começo de uma
nova era,
com a sua vinda gloriosa após a ressurreição.
- Não é uma reportagem, mas uma CATEQUESE sobre o fim dos
tempos.
A Intenção não era assustar, mas conduzir a comunidade a
discernir os
fatos catastróficos e o futuro da comunidade cristã dentro da História.
Não deviam ver como o fim do mundo, mas o início de um mundo
novo.
Portanto, não deviam dar ouvidos a pessoas que anunciavam o
fim do mundo.
Pelo contrário, deviam ver nos sofrimentos sinais de vida:
como dores de parto, que prenunciavam o nascimento de uma
nova vida…
Quando vai acontecer isso?
A resposta é dada através da imagem da figueira:
Quando começa a brotar, o agricultor sabe que está chegando
o verão…
e se alegra porque se aproxima a época da colheita.
- Quanto ao dia e hora, só o Pai sabe... mais ninguém...
Para nós o mais importante não é saber quando isso irá
acontecer,
mas sim estar vigilantes e preparados para ele.
E as sombras que vemos no Mundo de hoje?
O desabamento de tantas certezas, que julgávamos
indestrutíveis...
O desaparecimento de pessoas que julgávamos insubstituíveis.
O abandono de certas práticas religiosas que pareciam
indispensáveis...
O esquecimento de tantos valores éticos e morais que tanto
apreciamos...
O abandono da fé de tantas pessoas, que julgávamos
fervorosas...
A violência, a corrupção, a opressão andam soltas...
àComo
devemos ver tudo isso? Será o fim do mundo?
A Palavra de Deus reafirma, que Deus não abandona a
humanidade e
está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo e do
pecado
num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens.
A humanidade não caminha para a destruição, para o nada;
caminha ao encontro da vida plena, ao encontro de um mundo novo.
Nós cristãos devemos ver a vida presente em estado de
gestação,
como germe de uma vida, cuja plenitude final alcançaremos só
em Deus.
Esse mundo sonhado por Deus é uma realidade escatológica.
Mas desde já um novo dia está surgindo...
Por isso, devemos ser para os nossos contemporâneos
sinais de esperança dessa realidade:
Gente de fé com uma visão otimista da vida e da história, que
caminha,
alegre e confiante, ao encontro desse mundo novo, que Deus
nos prometeu.
Deus que não nos abandona em nossa caminhada,
Ele vem sempre ao nosso encontro para nos indicar o caminho.
Da nossa parte, devemos estar atentos aos sinais de Deus,
confiantes nas palavras de Cristo, que nos garante:
"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não
passarão".
Pe. Antônio Geraldo
Dalla Costa - 18.11.2012
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