LEITURAS: na Bênção de Ramos:
Mt 21,1-11 // MISSA: is 50,4-7 // Sl 21(22),8-9.1718a.19-20.23-24 (R/.2a)
// Fl 2,6-11 // Mt 26,14-27,66 ou mais breve; 27,11-54
SS 1101: Ramos
Celebramos hoje o DOMINGO
DE RAMOS.
A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE
JESUS EM JERUSALÉM,
com a procissão de
Ramos... num clima de alegria...
como GESTO de FÉ e
de COMPROMISSO.
- O INÍCIO DA
SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor,
na missa, relembrando
o caminho do sofrimento e da Cruz.
= Dois momentos
distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
Jesus se
apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...
As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que
celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por
Deus,
a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação.
Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em
Deus e
concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)
* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida
para trazer a
salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino
Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de
toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte,
a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com
humildade
a condição humana, para servir, para dar a vida,
para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida
plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos
propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus,
segundo São Mateus. (Mt 26,14-27,66)
O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus,
mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor:
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o
bem" e anunciando
um mundo novo de
vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem
os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos,
não deviam ser
marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de
Deus e
aqueles que tinham
um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os
instalados), de que o egoísmo,
o orgulho, a
auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
è Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque
com a atmosfera
de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se
incomodadas
com a denúncia de
Jesus:
não estavam
dispostas a renunciar aos mecanismos
que lhes asseguravam
poder, influência, domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e
a aceitar a
conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa
cruz.
A morte de Jesus é a conseqüência
do anúncio do "Reino",
que provocou tensões
e resistências entre os que dominavam o povo.
A morte de Jesus é o
ponto mais alto de sua vida;
é a afirmação mais
radical de tudo aquilo que pregou: o dom total.
Aprofundemos alguns dados que são exclusivos
da PAIXÃO SEGUNDO
SÃO MATEUS:
- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo...
por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado
pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência
contra o servo do sacerdote...
O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.
- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte
de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência
de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e
deixa clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos.
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de
Jesus e
o próprio povo o rejeita.
- Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus:
"O véu do Templo
rasgou-se em duas partes... a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se
os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram
na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador
e libertador
do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus,
- Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda"
do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que
Jesus tinha ressuscitado.
Os Ramos verdes, que hoje
carregamos, recordam
a saudação de
acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém.
Nós também queremos
saudar a vida que ele trouxe e
a misericórdia que
encontramos em seu bondoso coração.
Pe. Antônio Geraldo Dalla
Costa - 13.04.2014