quarta-feira, 18 de junho de 2014

ROTEIRO HOMILÉTICO DO 12.º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A – VERDE - 22 DE JUNHO DE 2014


LeituraS (Jeremias 20,10-13) // Salmo responsorial 68/69 // (Romanos 5,12-15) // Evangelho (Mateus 10,26-33) 
Comum 1412: O Medo

No domingo passado, vimos que Deus chama e envia
inúmeras pessoas para realizar seu Plano de Salvação. 

As leituras bíblicas deste domingo falam das dificuldades
que os discípulos encontrarão para serem fiéis a esse chamado,
mas garantem também que o amor de Deus não os abandona.

A 1a Leitura apresenta o drama vivido pelo profeta do JEREMIAS.
Para ser fiel à sua missão, experimenta perseguição, solidão e abandono.
No entanto não deixa de confiar em Deus. (Jr 20,10-13)

No começo, teve medo e resistiu:
     "Vê, Senhor, que eu não sei falar, sou ainda menino".
- E o Senhor não desiste:
      "Para onde eu te enviar, irás; e o que eu te mandar, falarás:
       não tenhas MEDO, pois eu estarei contigo para te livrar".
- Acolhendo a ordem do Senhor, Jeremias vai a Jerusalém e
diante do templo pronuncia um discurso violento:
acusa as autoridades, desmascara suas trapaças e
prediz a destruição do templo de Jerusalém.
- A reação foi imediata: foi preso incomunicável numa cruel prisão...
Considerado um "Profeta da desgraça",
sentiu-se repudiado pelo povo e abandonado pela própria família...

- Aí surgem as "Lamentações de Jeremias", que são verdadeiros desabafos,
em que o profeta expõe a sua amargura.
No entanto não deixou de confiar em Deus, no seu poder, na sua justiça
e no seu amor e anunciar com coerência e fidelidade.
Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram
testemunhar no mundo as suas propostas, com coragem e verdade.

Na 2ª Leitura, São Paulo afirma que para a salvação
o essencial não é cumprir a Lei de Moisés,
mas acolher a oferta de Salvação que Deus faz a todos por Jesus. (Rm 5,12-15)

O Evangelho continua O "Sermão apostólico".
São recomendações de Jesus ao enviar os apóstolos em Missão.
O tema central é a afirmação "não tenhais medo", repetido três vezes.  
E aponta três tipos de medo, que poderão encontrar:

1. Medo do fracasso (fiasco).
   JC. garante: Apesar das provocações e dificuldades,
         a sua mensagem se difundirá e transformará o mundo...
2. Medo da morte: (maus tratos... ou a própria morte...)
   JC. afirma que decisivo não é a morte física, mas perder a vida definitiva.
3. Medo pela sobrevivência (por causa da perseguição...):
JC. convida os discípulos a terem confiança na Providência de Deus.
E ilustra a solicitude de Deus com duas imagens:
Os pássaros de que Deus cuida e os cabelos que Deus conta...
Se Deus cuida dos pássaros... tanto mais dos discípulos do seu Filho...
Não tenhais medo dos homens... tende confiança em Deus!)

+ O Medo ainda nos acompanha:
- Por Medo, a pessoa se tranca dentro de seu pequeno mundo,
  cada vez mais se isola da sociedade.
- Por Medo, levanta muros protetores cada vez mais altos,
  criam-se condomínios mais fechados e seguros,
  como se isso resolvesse o problema do medo.
- Medo da doença... do desemprego... (Qual o nosso maior medo?)

O MEDO é também um grande impedimento
ao anúncio do Evangelho e à sincera profissão de fé.
- Por Medo de serem criticados ou desprezados,
muitos deixam de anunciar as maravilhas do Reino.
- Por Medo ou vergonha, muitos se omitem diante dos critérios em voga
sobre amor e família, sexo e casamento, matrimônio e divórcio, vida e aborto, educação e liberdade, dinheiro e direitos humanos.
E quando os princípios da moral cristã são taxados de antiquados,
ficam assustados, confusos, desorientados... 
Será que vale a pena continuar remando contra a maré?
- E por medo ou vergonha, se calam... e cedem ao velho respeito humano...

Para esses, Jesus adverte: "Quem me negar diante dos homens,
também eu o negarei diante do meu Pai, que está nos céus".

A Palavra de Deus de hoje convida-nos a fazer a descoberta desse Deus
que tem um coração cheio de ternura, de bondade, de solicitude.
Se nos entregarmos confiadamente nas mãos desse Deus,
que é um PAI que nos dá confiança e proteção e
é uma MÃE que nos dá amor e que nos pega ao colo,
quando temos dificuldade em caminhar,
não teremos qualquer receio de enfrentar os homens.
Ele nos garante: "Não tenhais medo, eu venci o mundo".
E com ele também nós venceremos...

+ Dia do migrante: "Basta de Migração forçada"
   - Vítima também do medo: do desemprego, da fome, da doença,
      da violência, da injustiça, da discriminação...
 * Qual a nossa atitude para os migrantes: Acolhida, espaço, oportunidade?

                                           Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 22.06.2014

è Veja abaixo o poema: "Nas asas do sonho".



NAS ASAS DO SONHO

Nas asas do sonho partem os migrantes,
aos milhares e milhões põem-se em marcha;
das terras do desemprego e da fome
rumam em direção às terras do trabalho e do pão;
rompem leis, fronteiras e obstáculos,
fortes e frágeis na luta pela vida.

Mas a cada esquina tropeçam e caem
com os mil rostos e mil ciladas da morte:
morte filha do tráfico e da violência,
que cedo ceifa a flor da juventude;
morte filha do trabalho explorado e escravo,
que cansa antes do amanhecer e encurva antes dos trinta;
morte indefesa e inocente, filha da indiferença,
que se alimenta de vidas não nascidas;
morte em meio às tempestades da travessia,
que no mar ou no deserto frustra o sonho;
morte filha da pobreza e da inanição,
que a conta-gotas mata os desenraizados;
morte da fauna e da flora, grito da terra devastada,
a bio em suas distintas formas ameaçada.

Morte nas ruas, cotidiana, quase “cultural”,
sangue quente na telinha e nas páginas do jornal;
morte do planeta, destruição do meio ambiente,
água e ar, rios e florestas, animais e gente!
morte espetáculo, na cidade e no campo, banal;
espalha silêncio e medo, como coisa natural.

Teimosos, voltam a erguer-se o sonho e o migrante;
nas asas do vento, vencem ambos o caminho;
o sonho se faz raiz, se faz broto e se faz tronco,
se faz árvore, se faz flor e se faz fruto;
no chão de uma nova pátria planta raízes,
que hão de forjar uma cidadania sem fronteiras,
onde acima da raça, língua ou cultura, está a vida.

Pe. Alfredo J. Gonçalves


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